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Fragmentos

Gulosos prazeres

(Crônicas do cotidiano e outras mais)

“Qual é o meu programa preferido? Assim, de improviso, café! Não me ocorre pensar em nada melhor.” (de A cafeteira, p. 9)

- Por jovens que possam preferir ir a um café que a um churrasco! Viva!

“Perceber que o livro dos outros tem um cheiro diferente dos nossos.” (de Para ser feliz, p. 31)

- Gente, tem mesmo. Papel é que nem pele, reage. Sabe aquele negócio de que o ph da pele de mulher não combina com sushi por isso não há sushigirl? Então! Com chá é parecido: só mulher faz a colheita da Camellia sinensis, porque o ph da pele dos homens modifica o aroma da planta.

“A escola é sempre cheia de interditos. Até a própria sala de aula é proibida quando é suposto estar fora dela.

“Várias vezes simulei esquecer algo para, sozinha, ter de retornar – adorava encontrá-la iluminada apenas pela luz do sol.” (de [Des]enganos, p. 40)

- Gostei tanto de recordar essa sensação. Quando me ocorria de fazer o mesmo na adolescência, era tão estranho! Sensação de fim de festa: sempre preferi sala cheia.

 

Voz feminina

(Crônicas do cotidiano e outras mais)

“Talvez eu me revele numa exclamação qualquer, feita em uma quinta-feira à noite ou numa segunda antes das oito da matina.” (de Carta aberta [ao silêncio], p. 14)

- Não seria capaz de apontar melhores horários para tal.

“É bom que você tenha muita paciência se escolher gostar de mim. Sou um tanto aguda demais – e, felizmente, ao menos ao meu tom de voz esse adjetivo não se aplica.” (de Carta aberta [ao silêncio], p. 14)

- Adoro esse tom de mando.

“Homens. Pularam o muro da escola. Compraram cachaça e cigarros aos 16. Roubaram as frutas do quintal alheio, tocaram a campainha e saíram correndo, colaram chiclete embaixo da mesa, espiaram a vizinha, colecionaram revistinhas de mulher pelada.” (de Conven-ção, p. 66)

- Entenderam por que Madonna e Cyndi Lauper foram os ícones das meninas que nasceram pelos idos de 1970?

“Nem mãos dadas. Nem braço dado. Nem o braço dele sobre o ombro dela. Nem ela segurando com as duas mãos um dos braços dele. Caminhavam um com a mão nas costas do outro, abraçados. Como para dar impulso. Como para regular o passado. Como para dar a ideia de que dois, quando bem juntos, são visualmente quase um.” (de Silêncios, p. 88)

- Tem que ser mulher pra reparar em coisas assim. Aliás, quem primeiro descobriu que é menos amor se não dormir de conchinha deve ter sido uma mulher.

 

Barba, cabelo, bigode

(Crônicas do cotidiano e outras mais)

“Hoje, se a decolagem estiver prevista para antes das dez é bem provável que eu me apresente de cara lavada e calça de moletom. Na época eu não sabia que advogadas podiam sair de casa sem maquiagem e vestidas assim.” (de Das passagens, p. 27)

- Isso me fez lembrar que quando eu era professora de yoga em Londrina/PR, um aluno me reconheceu no shopping e, no dia seguinte, vindo para a aula, disse não saber que yogis usavam calça jeans. Cuma?!

“[…] um faxina nunca termina – dá trégua.” (de Da [nossa] bagunça organizada, p. 64)

- Afe.

“E não fosse para ficar linda, honestamente eu nunca teria comprado um depilador.” (de Estrago despropositado, p. 72)

- Ninguém teria.

“Mas todos os charmosíssimos saltos altíssimos e finíssimos que já comprei nesta vida só foram comprados porque me apaixonei. Por alguém.” (de Feminas, p. 75)

- Há muitas coisas que compramos porque nos apaixonamos por alguém. Inclusive alianças.

“Tá, eu confesso: pensei em não levar [o casaco]. Mas, quando vi, a vendedora já segurava de um jeito que bastava abrir os braços para estar vestida.” (de Escolhas, p. 77)

- Hahaha, isso mesmo! É por isso que a gente compra tanta roupa que não usa. Essas vendedoras são terríveis.

 

Paisagens

(Crônicas do cotidiano e outras mais)

“Tarde de domingo com cara de tarde de domingo. Ruas preguiçosas, roupas mais coloridas. E mais colorido também o céu, finalmente azul, todo azul… As nuvens foram parar nos palitos de algodão-doce!” (de Re[creação] p. 17)

- Que delicia comer nuvens!

“Vai chover. O tempo ensaia e tudo à volta espera o primeiro pingo, na tensão de um olho aberto que aguarda uma gota de colírio.” (de Emoções, p. 46)

- Ótima imagem.

 

Amadurecimento

(Crônicas do cotidiano e outras mais)

“Meu senso de pena talvez tenha sido um leve despeito, confesso.” (de Re[creação], p. 18)

- Sempre é.

“Queria eu chòver às vezes.” (de Emoções, p. 46)

- Não se apresse: é inevitável aprendê-lo.

 

Disponível em: <http://asmelhorespartes.blogspot.com.br/2014/07/cronicas-do-cotidiano-e-outras-mais.html>. Acesso em: 22 nov. 2016.