Fragmentos
Estações
(Uma canção de amor ao vento)
Olho o mundo como se fosse
através de uma vidraça.
Não há sol nem colorido,
e os contornos da cidade
estão envolto na fumaça.
Ao soprar um vento forte
voam folhas na calçada
desprendidas pelo outono.
Restam galhos apontando.
para o céu, seu abandono.
Cai a neve, então, em flocos
como um manto de algodão,
nos telhados e caminhos.
Cobre o verde das campinas
e as pedras sobre o chão.
Mesmo assim, surge de novo
uma flor em meio à lama.
renascendo para a vida.
É a beleza retornando,
até uma nova despedida.
Navegantes
(Uma canção de amor ao vento)
Fiz do lar o ancoradouro
pra fixar o meu destino,
junto a barca dos meus dias.
Fui sensato e previdente
Construindo o meu trapiche,
Onde vive a minha gente.
Mas o mar me chama agora,
pede novas travessias
e convida a ir-me embora.
Não agüento a calmaria,
esta paz não desejada,
pois prefiro a maresia.
Mar revolto em altas ondas,
ventos fortes, temporais,
não retêm o meu veleiro.
E, se a nau pede reparos,
volto logo para o cais,
ao abrigo do estaleiro.