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Fragmentos

Ironia

(Falando só de amor)

 

A minha ironia

disfarça a covardia

de uma vez mais

desnudar a lama diante de ti,

do gosto amargo e prematuro da saudade...

minha ironia

é máscara momentânea

frente ao inesperado instante

em que me fecho

ocultando a pérola contida na concha...

tesouro vivo...

do fundo do mar,

extraído do amor,

desta vibração sublime

que me transmite teu olhar.

 

Exílio

(Falando só de amor)

 

Tive impulsos de arrancar-te do meu peito,

exilar-te do meu leite,

de banir-te para sempre

extirpando do meu ser este sentimento de amor,

ignorando os ciúmes

que tão impiedosamente me assolaram

e tirar-me o sono noite adentro...

Fustigada,

pela manhã cansada

te reencontro

e no amparo do teu olhar

já resignada

sinto uma vez mais escapar-me das mãos

a própria alma

que ao teu encontro sem hesitar voa...

tão sutil... tão feliz.

 

Noite

(Falando só de amor)

 

Pai amado,

olha meu desespero,

vela pela noite deste momento...

Fica comigo!

Senhor, me ampara em teus braços!

Pai, seca minhas lágrimas,

acalma esta tempestade!

Pai, por que me deste tamanho afeto,

de raízes tão profundas (?),

como lutar (?),

como extirpar das entranhas da alma

tanta emoção (?),

tanto carinho, tanta luz a me cegar.

Pai, mostra-me a saída, leva-se desta vida...

Não quero magoar meus fraternos...

não quero padecer assim.

Pai, este amor já não cabe em mim,

liberta-me, liberta-me...

faz de mim um anjo,

a flutuar suavemente...

sem dores, sem pesares.

 

ANO NOVO

(Falando só de amor)

Vivo os primeiros instantes de um ano novo (1996), distante da euforia que cresce lá fora, em silêncio meu pensamento te encontra espontaneamente. Olhos fechados ou abertos, te encontro sempre presente na retina do coração.