Fragmentos

A morte do velho trampolim

(Sesquicentenário da poesia paranaense)

 

Tomba hoje o Velho Trampolim

Que há tanto queriam derrubar.

Vencendo com coragem

A passagem do tempo,

Quedou-se impávido a esperar

Amargamente o fim.

 

Cântico às árvores

(Sesquicentenário da poesia paranaense)

 

As árvores que nada pedem

Em troca de seus frutos,

E as árvores que embriagam

Perfumando a noite.

 

A flor e o verso

(Sesquicentenário da poesia paranaense)

 

O verso surge

Como a flor

Que se cobre

Para o céu...

 

A flor espalha o perfume,

O verso reflete o amor;

A flor tem cores diversas,

O verso tem várias formas;

A flor adorna o altar,

O verso embeleza a canção;

A flor é flor e presente,

O verso é verso e oferenda;

A flor se eleva da terra,

O verso do coração;

A flor se toma nas mãos,

O verso se prende aos lábios;

A flor pode ser mensagem,

O verso sempre é linguagem;

A flor abranda o olhar, 

O verso enternece a alma...

Porém se a flor dura pouco,

E o verso se perpetua,

A flor jamais morrerá,

Ou perderá seu encanto,

Se louvada for no verso,

Por quem saiba amar a flor.

 

Por amor à poesia

(Sesquicentenário da poesia paranaense)

 

Eu gostaria 

Que todos fossem bons,

E as pessoas entre si,

Não se magoassem

Eu rezaria

As preces mais veementes,

Se os ímpios por acaso

Me escutassem...

 

Eu lembraria

Aos que passam distraídos,

Que as flores têm vida breve,

E que as crianças logo crescem...

Mas sorriria

Feliz, se olhos indiferentes

E frios, percebessem um dia,

Que os versos também aquecem.