Fragmentos
Elegia para Vinicius
“Tende Piedade senhor, dos meninos velhos, dos homens humilhados e se piedade vos sobrar senhor, tende piedade de mim”
Elegia Desesperada Vinicius de Moraes
Nas folhas desbotadas pelo tempo
releio o poema de sonhos eternos.
É como se vagasse pelo tempo
de tantas recordações.
Os verões na Rua Santa Clara,
no sol de areias brancas da morna praia,
encontros com os amigos nos bares
ou vendo passar as garotas de Copacabana
As areias que a vida tece
em tramas teceram os nossos destinos.
Você ficou com a música e a boemia eu
para Minas me mudei. Na solidão
debruço-me em meus lamentos e
ouço o rangido dos carros de boi da fazenda,
o bater dos vidros nos laboratórios de remédios.
São tristes tardes opacas.
Você não esqueceu sua alma, eu
camuflei a minha entre as heras da parede.
O vento traz nesses versos a sua voz.
Em sussurros ela me diz:
Venha, pode entrar,
percorra as mesmas estradas
abandone essa vida de agora.
Lembra-se, não foi bom outrora?
Estou dividida entre o presente
e as lembranças distantes,
o rosto doente atrás do sorriso perdido.
Se seu espírito vagar e uma viagem iniciar
penetre essas regiões sombrias.
É fácil achar o caminho: na porta dois leões de pedra
cobertos de musgo guardam a alma do antigo amigo.
Juntos, faremos mais um verso nessa Elegia Desesperada.
“Senhor tende piedade dos velhos amigos esquecidos que querem mergulhar em águas profundas, romper a névoa do tempo e depois morrerem felizes”.
(http://www.sescpr.com.br/wp-content/uploads/2012/10/comerci%C3%A1rios-C.pdf)
Púrpura Loucura
A loucura salta além vitoriosa
segura, insolente, calma
sedutora expressão insidiosa
enlouquece o ânimo da fraca alma
Algemada na crença indolente
no abismo se afoga e se estraçalha
esquece tudo na razão ausente
cobre a mente com sua mortalha
púrpura loucura de frases recriadas
deixadas outrora, tristes, abandonadas
fala agora em moldes antes restritos
crava espinhos em feridas germinadas
sobrevive em palavras desenfreadas
sobre o papel ... rabisca versos nunca ditos