Fragmentos
A mulher do garimpo
"Mas eis que invade o Amazonas uma benemérita onda de nacionalidade que, fortificando a mentalidade moça na consciência e no valor de si mesma, prepara e solidifica um futuro brilhante para o nosso Brasil. Estamos na época da Agricultura e o fundamental, o difícil mas realizável é a organização técnica social-comercial-agrícola das propriedades rurais, ajustando o homem, já conhecedor do que plantar [...]. Para desbravá-la, civilizá-la e habitá-la, a fim de subjugar (sic) lhe a feroz e natural agressividade. [...].
[...] Sim! Um dia o Amazonas ressurgirá." (p. 54 e 55).
"Agora, uma verdade: o vaqueiro rio-branquense é um valente. Laça, sozinho, um garrote bravio e chincha, puxando o laço, com o animal amarrado na barrigueira ou cilha do cavalo. [...] Num minuto laça, brincando, uma rês e ela cai com os pés e mãos presos no laço. Pode crer que o nosso vaqueiro não é inferior ao peão gaúcho ou ao nordestino." (p. 100).
"Geralmente o índio é feio, baixo e grosso, vendo-se contudo belos exemplares de ambos os sexos. São bem morenos, considerados modernamente como pertencente à Raça Vermelha e têm os olhos escuros e achinesados. Possuem bela dentadura que se estraga muito depressa. Índio puro nunca tem olhos claros. Misturado aos brancos, uma vez ou outra aparece um filho de olhos azuis. O que tem de lindo, tanto os homens como as mulheres, fora a dentadura e a cabeleira são as costas, retas e largas e os ombros também largos e musculosos. Alguns Macuxis limam os dentes “para não estragar, patrãozinho.” A cabeleira, espessa, lisa negra e comprida nas mulheres, fede a caracu de boi ou a brilhantina. Todos têm a pele boa e de cheiro característico, misto de fumaça, peixe moqueado e sujeira." (p. 152)
"O Roraima é muito grande, tem terra para todos, não é preciso os padre do CIMI metê o bico, açulando o índio contra o branco, caluniando o nosso Governador Ottomar que nunca perseguiu nem índio nem branco.
Porque ela [a FUNAI], não segue o exemplo daquela mulher do Sul (grifo nosso) que foi a única do Brasil que foi realmente Chefe dos nossos índio? [...] Naquele tempo havia sossego, mas o auxílio aos índio era diminuto, havia grande deficiência de transporte e então a Delegada (grifo nosso), não podendo à sua custa mantê o Posto do Cotingo, já pronto, à espera inútil de material para inauguração da Escola, desgostou-se e veio embora para Boa Vista." (p. 256).
Nará-Sué Uarená
"Índio não morre de fome, morre de doença como o napê branco ou em suas próprias guerras. [...]
E fome se passa agora no mundo inteiro [...]
Agora, quase no começo de mais um século, é o garimpeiro sem emprego e sem alimento, intimorato desbravador da selva, que leva a culpa das agruras e desmandos do Norte brasileiro.
O garimpeiro valente que percorre a mata desconhecida, atacado e muitas vezes morto por índios, onça ou cobra [...]
O digno garimpeiro, quase sempre descendente dos bravos ‘soldados da borracha’ e ‘voluntários da morte’, os dignos nordestinos que chegaram aboletados nas ‘gaiolas’ e ‘vaticanos’ dos SNAPP, para tentar a sorte, engrandecendo e amando o enorme Estado verde e amarelo tão lindo e tão acolhedor." (p. 20-21)