Fragmentos
ESPIRAIS DO MEU ESPÍRITO
o poema não pede
não implora
vem comendo pelas bordas
esfolando a flor da pele
bebendo sangue de aurora
o poema não disse a que vinha
trouxe em gris em grous a vinha
rascou seu rastro de prata
da lua até a cozinha
um poema-borboleta:
lentejou lá longe
fosforece crisálida brévida
abre a letra!
uma árvore em cinco flores
o poema veio a cores
contra o azul
fazendo lero
no pé do ipê amarelo
vem aqui
abre um abraço
isso já me aconteceu
cadeado lesa o peito
abre logo
que sou eu!
o poema viu a ema
e ordenou:
- vire um poema!
o poema era um mutante
foi de estralo a estrela
de estrela
a instante
e foi deixando
o poema
um de profundis no mundo
sentimentos por segundo
poema
tudo de novo
joga pra cima
é prata
cai no chão
é ouro!