Fragmentos
O bem maior
Convenhamos todos nós
Onde tem sabedoria
Não cabe a malquerença
Há somente sapiência
Então se assim for
Cabe dizer que a presença, da
Informação é preciso
Mesmo que errar aconteça
Em verdade acredito
Nem precisa de ser dito, e
Também que prevaleça
O saber que é o bem maior
Ganhei uma irmã
Desígnios Divinos não se discute
Sempre há um dia em que acontece algo para as pessoas, que muda toda a trajetória de sua vida. Assim foi com Aracê. Ambas tínhamos seis anos quando isso aconteceu.
Aracê era filha única, mas sua mãe ficara grávida sem esperar. E o pior foi que a gravidez teve complicações desde o início. E como todos na fazenda já estavam esperando, numa manhã ela faleceu não tendo tido tempo para salvar o bebê. Então, o pai de Aracê que ficou muito abatido, pediu a meu pai para a menina ficar em nossa casa, porque ele não teria condições para criá-la como se deve. Continuaria trabalhando para meu pai na fazenda, e veria a filha todo o tempo. Meu pai e minha mãe conversaram sobre o assunto e decidiram ficar com a menina, pois ela era minha melhor amiga, e com certeza em uma casa daquele tamanho, uma pessoinha tão pequena não faria diferença.
Assim, Aracê passou a morar no quarto ao lado do meu. No início dormíamos muito tarde, porque ela ficava triste sem a mãe, e vinha para meu quarto conversar. Isso durou alguns dias, até que meu pai decidiu que a noite fora feita para dormir e não conversar, e proibiu nossos serões.
Se antes de morar conosco já éramos inseparáveis, imagine agora morando juntas! Íamos a todos os lugares, missa, catecismo, brincar, sempre lado a lado.
Estudamos no mesmo colégio e tínhamos as mesmas coisas. Todo o dia de sol descíamos para o riacho onde ficávamos a conversar, balançar no balanço de pneu e olhar os peixes. Assim o tempo passou tão depressa que nem Aracê nem eu percebemos.
(Capítulo retirado da obra Caminhos Sem Volta, 2007)