Você está aqui: Página Inicial / Índice de escritoras / P / Paola Rhoden / Fragmentos

Fragmentos

     O bem maior

    

     Convenhamos todos nós

     Onde tem sabedoria

     Não cabe a malquerença

     Há somente sapiência

     Então se assim for

     Cabe dizer que a presença, da

     Informação é preciso

     Mesmo que errar aconteça

     Em verdade acredito

     Nem precisa de ser dito, e

     Também que prevaleça

     O saber que é o bem maior

 

Ganhei uma irmã

Desígnios Divinos não se discute

 

            Sempre há um dia em que acontece algo para as pessoas, que muda toda a trajetória de sua vida. Assim foi com Aracê. Ambas tínhamos seis anos quando isso aconteceu.

            Aracê era filha única, mas sua mãe ficara grávida sem esperar. E o pior foi que a gravidez teve complicações desde o início. E como todos na fazenda já estavam esperando, numa manhã ela faleceu não tendo tido tempo para salvar o bebê. Então, o pai de Aracê que ficou muito abatido, pediu a meu pai para a menina ficar em nossa casa, porque ele não teria condições para criá-la como se deve. Continuaria trabalhando para meu pai na fazenda, e veria a filha todo o tempo. Meu pai e minha mãe conversaram sobre o assunto e decidiram ficar com a menina, pois ela era minha melhor amiga, e com certeza em uma casa daquele tamanho, uma pessoinha tão pequena não faria diferença.

            Assim, Aracê passou a morar no quarto ao lado do meu. No início dormíamos muito tarde, porque ela ficava triste sem a mãe, e vinha para meu quarto conversar. Isso durou alguns dias, até que meu pai decidiu que a noite fora feita para dormir e não conversar, e proibiu nossos serões.

            Se antes de morar conosco já éramos inseparáveis, imagine agora morando juntas! Íamos a todos os lugares, missa, catecismo, brincar, sempre lado a lado.

            Estudamos no mesmo colégio e tínhamos as mesmas coisas. Todo o dia de sol descíamos para o riacho onde ficávamos a conversar, balançar no balanço de pneu e olhar os peixes. Assim o tempo passou tão depressa que nem Aracê nem eu percebemos.

 

            (Capítulo retirado da obra Caminhos Sem Volta, 2007)