Fragmentos
Aniversário: 20 de novembro
Antes de julgar defeitos,
faça uma pequena pausa,
para lembrar que os efeitos
sempre têm alguma causa!
O pranto – carta indiscreta –
traduz nas pautas do rosto
mensagens da alma secreta,
ditadas pelo desgosto.
O sol, carimbo dourado,
sobre um fundo azul, bonito,
é um traço de Deus, timbrado
nas páginas do infinito!
Creio que Alguém nos conduz,
pela ponte compreendida
entre uma estrela e uma cruz,
sobre a passagem da Vida.
Escondida na gaveta,
uma flor, já sem idade,
perdendo a cor de violeta,
ganha aromas de saudade.
Eu prefiro a juventude,
com seus desvarios francos,
a tanta falsa virtude,
por trás de cabelos brancos.
Vê que mundo cor-de-rosa
no olhar de uma criancinha,
em volta da mãe zelosa
que faz bolo, na cozinha...
Que este preceito se integre
ao meu simples dia-a-dia:
- Melhor do que estar alegre...
só mesmo dar alegria!
Deus pague as almas bondosas
que entre sombras plantam luz
e tentam cobrir de rosas
os braços de nossa cruz!
Sou feliz, pois sei que outrora
um simples pinhão plantei.
Depois tive de ir embora,
mas um pinheiro eu deixei.
Nenhuma sombra, na vida,
apaga a sutil beleza
de uma esperança escondida
nas gavetas da Incerteza.
No sorrir, nem sempre existe
mensagem de bem-estar.
Às vezes, num riso triste,
nós choramos... sem chorar.
Por mais que a gente conquiste
grande acervo de saber,
mais sábio é saber que existe
muito mais para aprender.
Atrás dos sonhos, correndo,
no meu delírio sem fim,
eu acabei me esquecendo
de passar perto de mim.
Notícia que determina
fim do inverno e seus rigores,
a primavera é que assina
usando a tinta das flores!
Multidões ao meu redor...
E o vazio dos caminhos
é às vezes muito maior
que a solidão dos sozinhos.
Quanta poesia se colhe
na vida, pelos caminhos...
Motivos não faltam... Olhe:
“borboletas sobre espinhos”.
O eremita se isolou,
até que morreu, zureta.
Ao chegar ao céu pensou
que um anjo era borboleta.
Se a existência é dividida
em sombra e luz, quero o dom
de saber, olhando a vida,
enxergar o lado bom.
Quando se luta e não ganha,
há uma perda diminuta,
se comparada à tamanha
derrota de quem não luta.
Se a juventude te encanta,
há também outros valores:
“Quem firma no chão a planta
é a raiz... e não as flores!”
É tão bonito ver gente
que ilumina o seu redor...
e, que, basta estar presente,
tudo parece melhor!
Cada ser, por mais restrito,
tem sentido tão total,
que é parcela de infinito
no infinito universal!
Raio de sol toca um galho,
molda paleta em mil cores...
e, com gotinhas de orvalho,
pincela arco-íris nas flores!
Tenho no meu peito um mar
de amor, imenso e profundo.
Sonho vê-lo transbordar,
causando enchentes no mundo.
No seu contexto abrangente,
a vida é espaço comum,
mistura um pouco da gente
na vida de cada um.
Felicidade é o ensejo
de uma pequena razão
que nos faça ter desejo
de cantar uma canção.
A mais sublime lição
de grandeza, amor e fé,
foi ver um homem sem mão
pintando flores com o pé.
Ao prelúdio da alvorada,
em taças de flor pendente,
o orvalho da madrugada
vem brindar o sol nascente.
O piano abandonado,
depois, amor, que partiste,
parece um lábio calado,
no rosto da sala triste.
Busco encantos, iludida,
e quanto mais eu me empenho,
descubro que a minha vida
é ainda o melhor que eu tenho.
Cada página que é escrita
para o livro de nós dois
diz que é ainda mais bonita
a história que vem depois.
Minha “metade formiga”,
afinal já nem se espanta,
acostumou-se à cantiga
que a ”outra metade” canta.
A minha alma adolescente,
de braços dados com a vida,
parece nem ser parente
desta face envelhecida.
É feliz quem vive a paz
de uma velhice serena,
capaz de olhar para trás
e dizer: - Valeu a pena!
Tema antigo?... pode ser!
Mas toda saudade é nova,
quando começa a doer,
ou quando inspira uma trova.
Olhando, de meu terraço,
a luz que ilumina a rua,
com enlevo um gesto eu faço...
e quase que abraço a lua!
Além de toda a alegria
de ser mãe, eu penso assim:
Sou feliz, pois sei que, um dia,
anjos moraram em mim...
(poema retirado do site: http://www.recantodasletras.com.br/trovas/3061988)