Resumo Maria Virgínia da Silva Colusso
O estudo tem como objetivo verificar a existência de relação entre degradação ambiental e crescimento econômico, sob a hipótese da Curva de Kuznets Ambiental, para o Cerrado brasileiro no ano de 2008. O bioma Cerrado é o segundo maior bioma do país, de grande importância biológica, hídrica e econômica para o Brasil. Para tanto, definiu-se como variável dependente do modelo testado a área de Cerrado desmatada dos municípios que constituem o bioma e como variáveis explicativas o PIB per capita e sua forma quadrática, a densidade demográfica, a área plantada e o efetivo dos rebanhos bovinos. Visto que a localização geográfica é um fator bastante relevante para a economia ambiental, optou-se por considerar os efeitos espaciais. Assim, o tratamento dos dados se dá por meio da análise exploratória de dados espaciais e posteriormente estima-se o modelo pelo método de mínimos quadrados ordinários (sem efeitos espaciais) e modelos com efeitos espaciais como: modelo de defasagem espacial, modelo de erro, modelo Durbin espacial (de defasagem e do erro) e modelo regressivo cruzado espacial. Os resultados obtidos corroboram a hipótese do “U” invertido nos modelos de defasagem espacial e de erro espacial, indicando inicialmente o aumento do desmatamento associado ao crescimento da renda e posteriormente a inversão dessa tendência: após a inflexão, a continuidade do aumento da renda contribui para a redução da degradação. Uma vez obtidos tais resultados, incluiu-se na análise a forma cúbica da variável PIB per capita, a fim de verificar se, após a inflexão da curva que expressa a queda da degradação, o crescimento continuado da renda contribuiria para o desmatamento tornar a crescer. Dessa forma, a reestimação foi realizada utilizando-se os modelos de defasagem espacial e de erro espacial, visto que esses apresentaram o melhor ajustamento dos dados de acordo com a hipótese da CKA. Os resultados encontrados apresentaram o retorno do crescimento do desmatamento frente ao aumento continuado da renda, corroborando assim para uma CKA em forma de “N”, e não mais somente em forma de “U” como esperado inicialmente. A fim de aprofundar a análise, estimou-se separadamente o modelo para os Estados de Minas Gerais, Goiás e São Paulo, visto que esses apresentam o maior número de municípios dentre a amostra. Porém, foram encontrados apenas para o Estado de Goiás resultados compatíveis com a hipótese da CKA testada.