Resumo Renato Nataniel Wasques
No período 1990-2010 a discussão acerca do processo de desindustrialização da economia brasileira se intensificou. Essa discussão gerou um conjunto de argumentos divergentes. Essas divergências referem-se à existência (ou não) do processo de desindustrialização no Brasil. Neste sentido, essa dissertação de mestrado tem por objetivo geral investigar a ocorrência (ou não) do fenômeno da desindustrialização na economia brasileira no período 1990-2010. Para isso, a análise tomou como ponto de partida a seguinte problemática: As mudanças ocorridas na indústria de transformação brasileira no decorrer dos anos 1990 configuraram um processo de desindustrialização, ou, ao contrário, caracterizaram um processo de reestruturação industrial? A economia brasileira fora contagiada pela “doença holandesa” ao longo da década de 2000? Essa “doença” estaria desencadeando um processo de desindustrialização prematura? A hipótese do trabalho é a de que as mudanças ocorridas na indústria de transformação brasileira nos anos 1990 configuraram um processo de reestruturação industrial. Ademais, considera-se que a economia brasileira não fora contagiada pela “doença holandesa” ao longo dos anos 2000, pois não se verificou um processo generalizado de reprimarização da pauta de exportações brasileira. A presente pesquisa foi realizada por intermédio da análise sistemática de dados secundários, que incluem a pesquisa bibliográfica e documental sobre o tema, complementando-se com o estudo de periódicos, entrevistas e publicações dos principais autores que trabalham o assunto. Recorreu-se ao banco de dados disponível no site do IPEADATA, FUNCEXDATA, aos dados disponibilizados pelo IBGE, BACEN e MDIC. Os resultados dessa pesquisa reforçaram a hipótese segundo a qual as mudanças ocorridas na indústria de transformação brasileira nos anos 1990 configuraram um processo de reestruturação industrial. Além disso, essa pesquisa permitiu identificar vários sintomas do fenômeno da “doença holandesa” na economia brasileira no período 2000-2010. Quanto à questão de que o fenômeno da “doença holandesa” estaria desencadeando um processo de desindustrialização prematura na economia brasileira, as respostas obtidas foram controversas. Por fim, as análises indicaram uma tendência à especialização regressiva da estrutura industrial brasileira.
