Resumo Denise Piper
O objetivo central do presente trabalho consiste em efetuar uma análise da dinâmica da taxa básica de juros da economia brasileira ao longo do período que se estende desde a introdução do Regime de Metas de Inflação no país. Argumenta-se que, durante o período considerado, a mencionada taxa exibe acentuado comportamento inercial e proeminente resistência à queda. São empreendidas investigações empíricas atinentes à forma funcional da regra de conduta seguida pelas autoridades monetárias nacionais, bem como testa-se, por meio de modelos VAR e SVAR, uma explicação própria para a preservação de altas taxas de juros no país, explicação esta baseada nos efeitos da produtividade da indústria brasileira sobre a taxa Selic. Os resultados obtidos no decorrer do estudo legam a constatação de que o grau de inércia da taxa básica de juros do país é extremamente elevado, alcançando um patamar de 0.924, o que implica que a maior fonte de influência sobre os valores correntes dessa taxa consiste em seus próprios valores defasados. Adicionalmente, verifica-se que, dentre as variáveis macroeconômicas que afetam, em alguma medida, o processo de determinação da taxa de juros pelas autoridades monetárias nacionais, podem-se destacar, em ordem de importância, a diferença entre a inflação esperada e a meta fixada para certo intervalo de tempo, o hiato do produto e a taxa de câmbio real efetiva. Por fim, os modelos estimados evidenciam que há uma relação inversa entre taxa básica de juros e produtividade do trabalho na indústria brasileira em um contexto de longo prazo, sinalizando que o estímulo ao aumento da produtividade pode ser um elemento a auxiliar na resolução do problema dos elevados juros no Brasil em um horizonte ampliado de tempo.