Resumo Wesley Oliveira Santos
Este trabalho teve o objetivo de identificar o padrão de localização da atividade industrial no Brasil no período compreendido entre os anos 1995 e 2009, traçando um perfil das alterações na distribuição regional da indústria, de modo a verificar a assertividade de alguma das tendências apontadas na literatura empírica doméstica de desenvolvimento regional no âmbito do debate estabelecido até fins da década de 1990. Para isso, as informações acerca da distribuição do PIB industrial, do emprego industrial e do número de estabelecimentos industriais, em nível das regiões e estados brasileiros, foram tratadas através da análise descritiva das participações das regiões e unidades federativas no total do país e do cálculo e análise de índices de concentração e especialização, tais como a Razão de Concentração e sua derivação em forma de Curvas de Concentração, o Quociente Locacional e o Índice de Hirschman-Herfindahl. Os resultados apontaram a continuidade do processo de desconcentração industrial no Brasil no âmbito inter-regional, de intensidade inferior, mas não muito dessemelhante ao que foi presenciado no país ao longo da década de 1970 e até meados dos anos 1980. Tal movimento ocorreu em função da perda de participação da região Sudeste a favor das demais regiões, dentre as quais Centro-Oeste e Nordeste se destacam entre as mais dinâmicas no conjunto das análises das três variáveis de interesse. Nesse sentido, exceto pelo fato da tendência à “fragmentação da economia nacional” não ter sido corroborada, os resultados guardam maior proximidade com o prognóstico realizado por Pacheco (1996 e 1999) e Guimarães Neto (1995 e 1997) do que em relação ao prognóstico de reconcentração em torno da região metropolitana de São Paulo de Cano (1998) e de reconcentração poligonal observado em Diniz (1993), em função das mudanças observadas ao longo do tempo em alguns dos determinantes apontados por este último, as quais permitiram explicar de modo mais adequado o processo de desconcentração e suas tendências futuras sob a ótica do princípio de causação circular e acumulativa de Myrdal, ao considerar a influência da recente melhora da distribuição de renda sobre a ampliação e disseminação do mercado consumidor interno.