Resumo Miriã de Sousa Lucas
Esta dissertação é composta por dois ensaios sobre Economia da Obesidade no Brasil. O primeiro analisou a distribuição espacial da taxa de obesidade infantil (crianças menores de cinco anos) entre as microrregiões brasileiras e seus fatores (socioeconômicos, demográficos e de gestão em saúde) associados, em 2016. Foi utilizada a Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE), os modelos econométricos espaciais e o GWR (Geographically Weighted Regression). Clusters do tipo Alto-Alto foram observados na região Nordeste do país e do padrão Baixo-Baixo no Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Identificou-se associação negativa entre a taxa de obesidade infantil e os fatores Produto Interno Bruto per capita, Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal-Educação e médicos que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Por sua vez, a densidade demográfica apresentou relação positiva com essa doença crônica. Houve também a influência das características das microrregiões vizinhas sobre esse agravo. De acordo com os resultados do modelo GWR, as variáveis IFDM Educação e Equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) exerceram impacto local sobre a taxa de obesidade infantil, sugerindo que as informações locais dessas áreas são importantes na análise dos fatores que influenciam a obesidade em crianças menores de cinco anos. Portanto, as diferenças espaciais encontradas nessa taxa entre as microrregiões brasileiras podem estar refletindo as desigualdades na distribuição de renda e na educação no país. Políticas públicas regionais mais ativas devem ser elaboradas no sentido de promover a saúde infantil e reduzir essa doença no Brasil. Por sua vez, o segundo ensaio avaliou o impacto da obesidade adulta no Brasil sobre o mercado de trabalho entre os indivíduos em idade economicamente ativa. A partir de dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013, avaliou-se, de forma específica, o efeito desse agravo na participação do indivíduo no mercado de trabalho e nos salários. Para tanto, adotou- se duas estratégias empíricas distintas. Na primeira foram usados os modelos econométricos Probit e Heckit, já na segunda aplicou-se o método Propensity Score Matching (PSM). Evidenciou-se, no primeiro caso, que o Índice de Massa Corporal (IMC) dos indivíduos apresentou um comportamento em formato de U-invertido com a probabilidade de participação no mercado de trabalho, atingindo o ponto máximo no valor de 33,27 kg/m² para os homens e 25,14 kg/m² para as mulheres. Quanto aos rendimentos, os resultados foram significativos apenas para aqueles do sexo masculino, em que esse índice também demonstrou um formato de U-invertido (pico máximo de 39,05 kg/m²). Considerando os achados da segunda estratégia, observou-se que ser obeso exerceu impacto positivo para os homens participarem do mercado de trabalho e auferirem por maiores rendimentos; contudo, para as mulheres esse feito foi negativo. Nesta linha, julgam-se necessárias ações mais eficazes de prevenção e controle da obesidade adulta, em especial para as mulheres. Essa doença gera um ônus econômico para esse público, ao afetar de forma negativa a participação e os rendimentos delas no mercado de trabalho.
Palavras-chave: Obesidade Infantil e Adulta. Econometria espacial. Mercado de Trabalho. Modelos Probit e Heckit. Método Propensity Score Matching. Economia da Saúde.