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Fragmentos

Alma de poeta

(Na fronteira do irreal

... E deus no oitavo dia

Olhando à sua volta

Viu a natureza

Sem alegria

Semi-morta

Sem beleza.

Então ficou a meditar

Que falta agora

No meu mundo?

Tem luar...

Tem aurora...

Mar profundo...

Fiz estrelas de luz

E coloquei no céu

Com muito amor!

Fiz borboletas azuis...

Pássaros em escarcéu...

Fiz crianças... Flor...

Então deus se lembrou...

Um mundo vibrante

Era a sua meta!

Febril... Suspirou...

E naquele instante

Criou... O... Poeta!

 

O sabichão

(Quissuquí? Quissulá?)

Geraldo e Joãozinho brincavam.

O mais velho havia recém entrado na escola e estava tão empolgado que todos os dias ia repassando em casa o que ia aprendendo.

Lá pelas tantas, o menor falou:

- Você se “alembra” do nosso...

Nem consegui terminar, porque o outro, com ares de professor, o interrompeu corrigindo:

- “Alembra” não! Você precisa aprender a falar direito! A gente diz assim: - Você se “al-lembra” de tal coisa?

 

Professor de astronomia

(Quissuquí? Quissulá?)

            Geraldo, Dodô, como o chamavam, brincavam à noite na varanda, com seu irmão, menorzinho. De repente, parou e ficou fitando o céu pensativo. Depois, virando-se para o outro, disse:

- Que será a Lua?

- É o mesmo Sol que tem de dia, respondeu o Joãozinho, no ato.

- Não é não! Não vê que o Sol é quente, forte, e a Lua é fria e fraca?

            - Bobo! Retrucou o outro. Isso é porque ela está com sono! É igualzinha a gente, fica mole, com fraqueza.

            - Então, por que ela não vai dormir?

            - Porque Deus precisa ler. Como é que Deus ia ler no escuro?

            - Então, porque Deus não lê de dia, que é muito mais claro?

            - Porque Ele tem que cuidar do mundo, seu burro!

            - O outro, ficou pensando... pensando... quem sabe, imaginando  o quanto o irmãozinho caçula era mais inteligente.

            - De certo, tentando ampliar seus precários conhecimentos sobreAstronomia, arriscou:

            - E as estrelas, o que serão?